Magia é real?
Quando eu comecei a ler e praticar ocultismo eu queria saber se magia era mesmo real. Feitiços funcionavam? Seria possível fazer uma magia e “plim” realizar um desejo?
Como todo mundo, eu já tinha lido livros e visto filmes em que havia magos, bruxos e feiticeiros lançando bolas de fogo, fazendo poções num caldeirão, recitando feitiços em grimórios e todas essas coisas. Para uma criança, isso tudo era muito mais atraente do que religião, que parecia meio monótona.
Então lá estava eu com 13 anos, no Dia das Bruxas do ano 2000, fazendo meu primeiro ritual. Nesse post eu falei porque gosto do Halloween. Outro motivo que esqueci de mencionar é que foi no mês de outubro, perto dessa data, que li meu primeiro livro de ocultismo, comprei meus utensílios e comecei a praticar.
Comprei uma vela, incenso, incensário, pedrinhas e outros pequenos utensílios baratos com base numa lista que havia no meu primeiro livro de ocultismo, chamado “Despertar das Bruxas” de Júlia Maya, escrito por uma adolescente de 17 anos (que na época parecia tão mais velha, sábia e experiente do que eu!). Nesse livro também havia uma visualização para alterar o estado de consciência.
E eu consegui! Fechei os olhos, me concentrei e imaginei um pentagrama vermelho, que aos poucos se tornava laranja, amarelo, verde, azul, roxo e depois explodia! Quando abri os olhos, percebi que meu estado de consciência estava ligeiramente alterado e achei o máximo!
Essa foi minha primeira experiência de magia. Com base nesse primeiro exercício simples eu concluí que magia era real. Que havia “algo aí”. Se era possível alterar o estado de consciência com aquele exercício simples, eu ia conseguir alterar mais profundamente com outros exercícios mais complexos!
No ano seguinte, dos meus 13 aos 14 anos, eu li mais de 100 livros de ocultismo. Sim, eu já era uma leitora alucinada desde aquela época. Eu tentava ler pelo menos 100 páginas de um livro por dia. Eu tinha um diário mágico e todo dia eu anotava quantas páginas de cada livro eu lia por dia e quais experiências mágicas realizei. Todo dia eu fazia algum feitiço ou exercício de magia.
Descobri vários autores interessantes e aprendi muito. Da wicca eu aos poucos migrei para magia cerimonial e xamanismo. Eu estava fascinada pela natureza. Passava muito tempo do lado de fora, em ambientes com grama, árvores, realizando rituais com os quatro elementos, invocações dos elementais e coisas assim.
Esse foi um dos meus primeiros aprendizados de magia: descobrir a magia contida na natureza. Eu nunca tinha me importado antes com árvores, grama, terra, mas depois de ler alguns livros de lendas celtas e de xamanismo brasileiro e americano eu me senti tão conectada com o mundo natural que só o fato de haver aquela coisa incrível no meu mundo já parecia mais mágico do que magia em si.
Nos anos seguintes eu estava fascinada demais com o aspecto teórico da magia, com magia cerimonial com utensílios mágicos e com a conexão com os elementos da natureza.
Dediquei tempo considerável para fazer viagens astrais (a minha frequente paralisia do sono me ajudava muito nisso), explorar métodos divinatórios (tarot, bola de cristal, runas, pêndulo, etc), fazer visualizações dos quatro elementos e coisas assim. Para mim, que nos anos anteriores nem sabia que existia esse tal ocultismo, tudo aquilo já me parecia emocionante o bastante.
E quanto aos feitiços? Eu fiz vários quando estava começando a praticar, com objetivos bem específicos. Alguns davam certo, outros não. Então isso não respondia minha pergunta se magia funcionava ou não, se considerarmos magia como sinônimo de feitiços para obter coisas em troca.
É claro, magia é muito mais do que feitiços. Um mago também pode ser um feiticeiro, mas ele é mais do que um feiticeiro.
Eu andava lendo também alguns livros de filosofia e religião nessa época. Então pouco a pouco meu interesse em feitiços diminuiu. Eu estava mais interessada em saber sobre o sentido da vida, a fonte e objetivo daquela magia: seria Deus? Deuses? Anjos, demônios, espíritos? Aparentemente, a magia podia ter muitas fontes e a fonte que eu iria usar fazia diferença.
E o aspecto ético? Fazia diferença usar uma magia para ajudar alguém ou para prejudicar alguém?
Essas são as cores da magia conforme descritas por Peter Carroll. Ele se baseou nos livros de Terry Pratchett.
Mas na época que eu ouvi falar de cores da magia pela primeira vez, eu ouvi falar que magia negra era a magia usada para prejudicar ou amaldiçoar alguém. Magia branca para ajudar alguém. A magia “cinza” era usada para objetivos “egoístas”, para nós mesmos, sem prejudicar ninguém.
Havia outras cores também e outras definições para diferentes sistemas de cores. Eu achei tudo isso muito divertido e nessa época eu criei meu próprio sistema de cores, que eu retrato num livro que eu escrevi chamado “Guerra das Cores Perdidas”. Embora seja um livro de fantasia, nele eu explico coisas de magia e ocultismo.
Como eu entrei na magia através da wicca, fui introduzida a um sistema moral que dizia: “faça o que quiser, desde que não prejudique ninguém” e a Lei Tríplice: “O que você fizer, voltará para você triplicado.
Então não havia nenhuma indicação explícita de que era bom ajudar as pessoas. Nessa época eu não aprendi que era bom fazer caridade ou ajudar alguém. Mas eu aprendi que eu podia ser egoísta contanto que não prejudicasse os outros. De quebra, a Lei Tríplice me instigava a sentir medo de fazer o mal, com base num tipo de “ameaça do inferno” disfarçada. Eu não me sentia exatamente impelida a fazer o bem para que o bem voltasse para mim três vezes mais.
Era algo meio acomodado, da forma que eu entendia: cuide da sua vida, só não ferre a vida dos outros. Havia bruxas que faziam magias de cura ou magia para ajudar o meio ambiente. Mas em geral eu não via muito mais que isso, pelo menos nos livros que eu lia naquela época. Nada dramático similar a mártires cristãos, que viriam a me inspirar mais tarde.
O xamanismo me mostrou algumas coisas diferentes. Era peculiar, pois não parecia haver um sistema moral na natureza. Os seres nasciam e morriam, num ciclo. O livro “Tuck Everlasting” de Natalie Babbitt explora um conceito parecido. Eu o li na adolescência, com a tradução “Fonte Secreta” (parece que tem um filme também, mas eu ainda não vi). Nesse livro, uma menina bebe sem querer água de uma fonte que a torna imortal. Lembro de uma conversa que ela tem no livro com um adulto, que explica que a morte é natural e parte do ciclo da vida. Pretendo ler o livro de novo em breve, mas lembro que há um ar meio triste e solene nesse livro, que não te faz exatamente desejar a imortalidade.
Estou sentindo algo parecido lendo o segundo volume de uma trilogia de Neal Shusterman. O primeiro volume da trilogia se chama “O Ceifador”. O livro retrata uma sociedade de imortais. Não existe mais pobreza, fome, doença ou guerras. Porém, devido à superpopulação que a imortalidade gerou, existem os ceifadores que se encarregam de tirar a vida de alguns desses imortais. E aquela sociedade artificial tem uma atmosfera tão repugnante que quase te faz olhar a imortalidade como se fosse algo ruim. E os habitantes acham que as obras de arte da era da mortalidade pareciam mais autênticas, com mais vida, mais vibrantes, do que a arte atual artificial dos imortais.
Mencionei isso porque me lembro como me senti na época que eu explorei o xamanismo. Eu via as plantas, os animais, via a natureza e respeitava aquele mistério. Não parecia haver bem ou mal na natureza. Os seres consumiam outros por instinto e depois morriam. Era belo, mas também triste. Será que nós, humanos, devíamos fazer o mesmo? Tentar sobreviver, ajudar a nossa espécie, ser egoísta até certo ponto (altruísta com familiares próximos e com nossa espécie), mas não ir além disso.
Tudo isso parecia profundo, mas um pouco vazio para mim. Tinha que haver algo mais, porque o ser humano tem uma razão e noção do sistema moral. Não éramos apenas animais com instinto. Embora algumas pessoas digam que alguns animais são melhores do que alguns humanos, não é exatamente justo fazer uma comparação como essa, já que os humanos têm uma noção maior do mal.
Vou dar um exemplo para ilustrar esse ponto. No cristianismo é dito que os anjos inicialmente viram Deus como se estivesse por trás de um véu. Eles tinham uma noção muito maior do bem e do mal do que os humanos. Por isso os anjos caídos, os demônios, cometeram um pecado muito mais grave do que os humanos que fazem o mal: porque eles sabiam mais. Tinham uma noção mais ampla da gravidade do mal.
Então se um animal faz o “bem” ou o “mal” ele não é exatamente bom ou mau. É verdade que nas religiões indianas há muitas histórias de pessoas que foram animais nas vidas passadas e que devido a ações boas como animais renasceram como humanos. Mas da mesma forma que um anjo que faz o bem ou o mal é diferente de uma pessoa que o faz, uma analogia similar funciona em relação a humanos e animais.
Nas religiões abraâmicas (cristianismo, judaísmo e islamismo) não se fala muito de ações morais para animais. Essas religiões nos ensinam para respeitar a natureza e os animais, mas em geral não os incluem no sistema moral.
De qualquer forma, considerei e considero o xamanismo muito interessante por essa visão de que somos parte da natureza e que devemos nos reconectar com ela. A wicca e a bruxaria pegaram muitos elementos do xamanismo em suas práticas.
Essa visão fez sentido para mim por um tempo. Por isso eu gostava tanto de fazer visualizações me imaginando na natureza, entrando numa caverna para me conectar com meu animal de poder, e fortalecendo em mim os poderes de terra, ar, fogo, água e espírito (fiz muitos rituais para isso).
Até que eu descobri a meditação. Comecei a meditar com uns 16 anos e naquela época lembrei daquela minha experiência 3 anos atrás com a visualização do pentagrama mudando de cor. O que eu sentia ao meditar era algo parecido com isso. Senti-me imediatamente nostálgica. Aquela tinha sido minha primeira prova de que magia funcionava mesmo.
O resto da história vocês já sabem. Eu me viciei em meditar. Ficava longas horas meditando e fiz isso por muito tempo: meses, até alguns anos.
Mas, droga, como aquele budismo era complicado! Por que aqueles indianos eram tão inteligentes? Eu me senti burra tentando entender aquilo tudo.
Então eu li, eu li e eu li! Os sutras budistas são cerca de 13 vezes maiores que a Bíblia, então eu não li tudo. Mas eu li muito! Li pra caramba aquilo. Meu Deus, meus dias eram praticamente me matar de ler e meditar. Eu queria entender aquele negócio!!
No hinduísmo e no budismo tem algo chamado siddhis (tem outros nomes para isso) que são os poderes sobrenaturais. Em geral, é o mais próximo que tem de magia nas religiões indianas. Nas meditações você pode ganhar o poder de voar, ficar pequeno ou grande, ouvir longe, visitar outros mundos, etc.
Eu explorei um pouco desses poderes e concluí que eram provavelmente reais. Porém, em geral é dito que esses poderes podem ser uma distração do objetivo final, que é a iluminação.
Esse foi outro tópico que me deixou confusa. No budismo Mahayana o Bodisatva adia a iluminação para salvar todos os seres. Mas no budismo “original” Theravada o objetivo final é se iluminar e isso é mais importante que ajudar os outros. Até porque, se você atingir a iluminação primeiro terá mais sabedoria para ajudar os outros.
Espere aí! Primeiro se torne perfeito e só depois ajude os outros? E se você levasse anos ou décadas para se tornar perfeito? Ia morrer antes de ajudar os outros. Mas o objetivo não era ajudar os outros e sim escapar da roda do karma. Mas espera, escapar sozinho?
O Theravada era a pequena barca, em que você se salvava sozinho num barco e o Mahayana era a grande barca, em que você só queria se salvar se levasse os outros junto. Esse era um tópico quente e lembro que o debati muito.
Eu comecei a praticar magia do caos quando estava um pouco desiludida com o budismo por causa de toda essa confusão (ao menos para mim parecia confuso). Mas nos anos seguintes eu ainda lembrava do budismo aqui e ali. A magia do caos resolveu algumas dúvidas que eu tinha, mas não todas. Ainda havia muitos tópicos em aberto. A magia do caos foi ótima para despertar minha criatividade e abrir minha mente para respeitar e explorar várias outras formas de pensar diferentes da minha.
Minha “virada” para o cristianismo não representou um esforço totalmente consciente de minha parte de buscar uma religião que tivesse um poderoso sistema moral e focasse na caridade.
Eu sempre admirei religiões em que uma parcela dos praticantes largassem tudo para se dedicar integralmente às suas crenças, como no caso do hinduísmo, budismo e cristianismo, com seus mosteiros, cavernas e coisas parecidas. Não mencionei nesse post minha primeira experiência com Abramelin, mas foi ela que me deu meu primeiro gosto de cristianismo, embora naquela época eu ainda estivesse mais encantada com o budismo. Também foi Abramelin que me deixou fascinada com evocações (sim, anjos existem).
Sempre achei muito legal que religiões como budismo e cristianismo tivessem mosteiros abertos para qualquer um entrar. Você não precisava pagar para estar lá, mesmo que fosse apenas um visitante. Você poderia “pagar” com trabalhos voluntários, como ajudando na cozinha ou com limpezas.
Eu achava isso muito especial. Contrastava muito com o sistema em que vivemos, em que para fazer praticamente qualquer coisa você precisa pagar. Temos algumas coisas gratuitas, como bibliotecas ou alguns livros gratuitos (ou pirateados) da internet. Mas eu não conhecia quase nada que fosse como mosteiros: além de distribuir livros de graça lá, você podia ter estadia e comida de graça, pelo tempo que quisesse.
O sistema de mosteiros também despertou meu interesse para organizações de caridade e humanitárias. Por isso e outros motivos atualmente eu tenho tanto interesse por organizações como MSF e Cruz Vermelha.
Então o cristianismo me introduziu a esse conceito “novo” de ajudar os outros, que não parecia ser tão enfatizado em outras religiões e sistemas de crença com os quais eu tive contato. Claro, você pode discordar de mim nesse ponto, mas é uma impressão que eu tive. Toda vez que eu voltava para o cristianismo, me sentia impelida a fazer trabalhos de caridade, mas eu não necessariamente me sentia assim com todas as práticas e religiões que eu explorava.
Posteriormente eu aprenderia que a caridade e o aspecto moral era uma característica bem marcante das três religiões abraâmicas.
É claro que a caridade está presente nas mais variadas religiões. Mas comecei a me perguntar o que fazia com que essas religiões dessem um enfoque tão grandioso na parte moral. Seria o fato de ter apenas um único Deus totalmente bondoso? Seria porque o sofrimento tinha um sentido (aprimorar-se moralmente?)
Não sei. Mas atualmente eu tenho um enorme interesse por cristianismo e islamismo por dois motivos principais. Um: eles são praticados por mais da metade da população mundial. Isso significa que, por “voto democrático”, deve haver algo de muito bom nelas. Além do mais, se eu praticar uma das maiores religiões eu me sentirei mais conectada a todas essas pessoas. O segundo motivo é o enorme enfoque em ajudar os outros, aprimorar-se moralmente (tentar tornar-se mais humilde e bondoso) e na oração. Pois orar aumenta nossa fé em Deus, que consequentemente aumenta nossa fé de que vale a pena deixar o egoísmo de lado e sofrer para ajudar os outros.
Essas religiões não dão muita importância para a magia. Os judeus, cristãos e muçulmanos reconhecem que a magia é algo real e funciona. Por isso há muitas advertências contra ela em seus livros sagrados. Se fossem algo falso não haveria as advertências.
Não é que a magia seja algo “perigoso” porque utiliza poder espiritual para obter coisas em troca. Mas, como é dito no budismo, o foco em poderes sobrenaturais pode nos distrair da busca mais importante (que no caso do budismo é a iluminação).
Nas religiões abraâmicas o objetivo máximo é o contato com Deus e ajudar os outros. Se você usa magia para prejudicar alguém ou para objetivos egoístas, você se afasta do seu objetivo máximo, pois não está ajudando os outros e não está fortalecendo seus laços com Deus (a não ser que seus objetivos egoístas te deem alguma habilidade que te auxilie a ajudar os outros, como a busca budista pela iluminação).
Mas e quanto à magia branca? E se você ora para Deus e usa a magia para ajudar os outros? Bem, isso sem dúvida é melhor, de acordo com essas religiões, do que não orar e não ajudar os outros.
Ainda assim, se você acredita que Deus é Todo Poderoso e que basta você orar para ele, por que usar magia? Deus já te deu uma mente e um corpo. Apenas com eles é possível fazer coisas incríveis e ajudar muita gente.
Então por que raios você precisa de magia se já tem Deus, um corpo e uma mente? É possível ter contato diretamente com os espíritos sem o auxílio de Deus e buscar poder espiritual que excede o que você consegue fazer normalmente com sua mente e seu corpo.
Mas, novamente, não é que isso seja perigoso num sentido absoluto. Isso é perigoso num sentido relativo porque pode te distrair da sua busca principal, que é ter fé total em Deus e acreditar que só ele basta.
Dá-se muita ênfase no Deus único porque no momento em que servimos outros Deuses (como o dinheiro ou o poder mágico) podemos nos distrair e perder nosso tempo. Temos um tempo limitado nesse mundo.
Hoje em dia muita gente não liga para religião ou para magia, mas venera o “Deus dinheiro”. Então, de uma perspectiva religiosa, dedicar o tempo para esse Deus (se for para objetivos apenas egoístas) pode ser tão ruim quanto adorar outros Deuses que não seja o Deus onipotente e onibenevolente. Pela lógica, se há um Deus que já é perfeito e capaz de tudo, por que perder tempo olhando para outra direção? Muitas religiões, incluindo religiões gregas, egípcias e escolas do hinduísmo falam de um Deus acima de todos (Platão fala, obviamente).
“Na verdade, Deus quis que todas as coisas fossem boas e que, no que estivesse à medida do seu poder, não existisse nada imperfeito”
(Platão, Timeu)
Novamente, pela democracia dos mortos, faz mais sentido que Deus exista do que não exista. Desde os primórdios da humanidade parece que mais gente acreditou nele do que não acreditou. E eu não acho que nós, céticos do século XXI, sabemos mais nesse quesito do que nossos antepassados que viviam mais perto da natureza, do sofrimento e da morte.
Então no que eu acredito atualmente?
Eu concordo que magia é real, sem dúvida. Tive experiências demais com ela para não acreditar. E as religiões abraâmicas confirmam novamente que magia é real e funciona.
Nós vivemos num mundo bastante cético e ateu, apesar da presença de tantos cristãos e muçulmanos. Porém, no fundo muitos religiosos também são meio céticos. Então é natural que muitos se perguntem se magia é real mesmo.
Já vi muitos ocultistas se perguntando isso. Eu me fazia essa pergunta seriamente apenas no início da minha prática, quando ainda não tinha obtido muitos resultados. Eu apenas tive a sorte (e persistência) de obter resultados cedo. Li muito e pratiquei muito. Mas eu só resolvi minha dúvida sobre o sentido da vida e a importância do enfoque em Deus e no aspecto moral (ênfase em ajudar os outros) muitos anos depois.
Nesse post eu estou relatando apenas minha experiência pessoal. Por favor, fique livre para acreditar no que quiser. Sua vida (e suas leituras) foi diferente da minha, então suas conclusões podem ser diferentes.
Não estou dizendo que você deve ser cristão ou muçulmano e se afastar da magia. Na verdade, até hoje eu gosto de magia do caos e do sistema de Abramelin. E não vejo problemas em ler meus autores preferidos de caoísmo quando lançarem livros novos. Aprendi muito com eles. E há possibilidade de um dia eu repetir a operação de Abramelin pela terceira vez no futuro, já que ela é tão próxima das religiões abraâmicas e emprega um sistema de disciplina e orações semelhante.
No entanto, hoje eu acredito que orações, fé em Deus, ajudar os outros e coisas assim devem estar no centro de nossa prática. Nós podemos nos “distrair” com outras coisas, como ver filmes, jogar jogos, praticar magia, ganhar dinheiro, que seja.
Meu argumento é apenas que, da forma que eu enxergo o mundo, a vida não consiste apenas de distrações. Elas são ótimas para relaxar, para nos fazer rir, para desfrutarmos a vida, que é algo maravilhoso. É bom para tornar nossa vida mais leve, feliz e agradável.
Mas a vida é mais do que ser leve, feliz e agradável. Talvez suas respostas estejam mesmo na magia, numa religião, numa pessoa ou algum propósito. E não serei eu a dizer que você está errado.
Essa é apenas minha jornada, que ainda não acabou aqui. Muitas descobertas ainda virão. Porém, acho que estou num ponto interessante da minha travessia, com muitas descobertas importantes.
Eu sou péssima com divinação, sempre foi meu fraco. Por isso, talvez eu continue sendo cristã ou me torne muçulmana no ano que vem, daqui 2 anos, 5 anos, 10 anos, 20 anos, que seja. Eu amo o cristianismo, mas vivemos numa época em que o cristianismo está muito relaxado e abraçou demais o tal Deus dinheiro. Atualmente os muçulmanos andam mais próximos da vida de orações, e também da guerra e do sofrimento. Isso, é claro, é um longo tema, que já explorei um pouco aqui.
Mas a vida é uma caixinha de surpresas. E por isso ela é fascinante. Atualmente minha diversão é tentar adivinhar em que ano da minha vida eu me tornarei muçulmana (se é que vou me tornar) para depois dizer: “Ahá, eu sabia que isso ia acontecer!”. Mas eu não sei o que vai acontecer com minha vida nem mesmo no ano que vem. O que dirá daqui 10 ou 20 anos, embora eu clame que já tenho planos para daqui 20 anos e sei onde estarei. Mas será que sei mesmo?
Só Deus sabe, é claro. E se não fosse assim, não seria divertido.