Top 10 Livros de Literatura Japonesa
1- Trilogia do Rato, por Haruki Murakami
“Onde você está indo?”
“Jogar pinball. Não tenho certeza onde”.
“Pinball?”
“Sim. Sabe, bater em bolas com flippers”
“É claro que eu sei. Mas por que pinball?”
“Por quê? Esse mundo está repleto de questões que a filosofia não pode explicar”
“Você é bom em pinball?”
“Eu costumava ser. Era a única coisa da qual eu podia me orgulhar”
“Eu não tenho nada assim”
“Então você não tem nada a perder […] Não pode haver significado em algo que algum dia será perdido. Glórias passadas não são glórias realmente verdadeiras”
“Há algo nesse mundo que não pode ser perdido?”
“Eu acredito que há. Você deveria acreditar também. Talvez eu veja o mundo através de óculos cor-de-rosa. Mas eu não sou tão tolo quanto pareço”
“Sei disso”
“Não estou me gabando. Eu apenas acho que ser um tolo otimista é uma boa alternativa”
“Então é por isso que você está saindo para jogar pinball essa noite”
“Você entendeu”
Esses são os livros que compõem a Trilogia do Rato, que ironicamente é uma “trilogia de quatro livros” hehe. Enfim, deixe os autores malucos serem malucos:
1- Ouça a canção do vento
2- Pinball
3- Caçando Carneiros
4- Dance, dance, dance
Nos dois primeiros livros, especialmente no primeiro, há muitas piadas, quase piadas sujas. Nem parece Murakami. Mas eu adorei. Nunca ri tanto lendo um livro do Murakami como em “Ouça a canção do vento”. Imperdível! Uma piada ótima atrás da outra. Ritmo acelerado da narrativa. Curti pra caramba!
Considero “Caçando Carneiros” o melhor livro do autor. Sem dúvidas, é uma obra estranha, mas inesquecível.
Em “Dance, dance, dance” ele mostra mais uma vez sua maravilhosa capacidade de tratar de temas do cotidiano em meio à fantasia.
Mas sobre o que são as obras? Bem, o protagonista tem um amigo chamado Rato. E eles fazem, sei lá, qualquer coisa. Como sair por aí. Jogar pinball. E em meio a coisas triviais há acontecimentos interessantes e esquisitos. Difícil explicar, mas é o máximo.
2- Silêncio, por Shusaku Endo
Demorei para terminar de ler, em parte porque a narrativa era lenta, com muitas descrições. Mas o glorioso capítulo 8 fez valer todo o esforço.
O livro conta a história de missionários portugueses no Japão do século XVII e o drama do martírio.
Por que Deus fica em silêncio enquanto seus mártires morrem por ele?
A adaptação em filme, do Martin Scorsese, é belíssima.
3- Battle Royale, por Koushun Takami
E muito antes de “Jogos Vorazes” havia Battle Royale, dizem os fãs.
Também há o mangá e um filme.
O livro é bom porque prende. Porque mesmo com esse monte de personagens você não se perde. Só emoção, adrenalina e personagens caricatos.
4- 1Q84, por Haruki Murakami
Vejam só, uma trilogia com três livros! Incrível!
Coloquei esse também no meu “Top 10 Livros de Literatura”.
O livro é descrito contendo “mundos paralelos, garotas misteriosas, assassinatos e estranhas seitas”.
Política, religião, fantasia, literatura, filosofia, tem um pouco de tudo.
5- Não me abandone jamais, por Kazuo Ishiguro
Nobel de literatura de 2017. Precisa dizer mais?
Esse livro tem uma adaptação em filme, que eu gostei muito.
É sobre uma garota e seus dois amigos que moram num internato. É uma história de fantasia envolvendo doação de órgãos.
Isso soa estranho? Há preciosas cenas com descrições detalhadas e valor psicológico. Conforme a história avançava fiquei completamente envolvida.
É um livro simultaneamente delicado e forte. E perdidamente original.
6- O Pavilhão Dourado, por Yukio Mishima
Durante a Segunda Guerra em Kyoto, um adolescente inseguro frequenta o templo do Pavilhão Dourado. Ao conhecer um rapaz deficiente físico muito confiante, o protagonista desperta para o que chama de “mal absoluto”, associado à ideia de perfeita beleza, representada pelo Pavilhão Dourado.
7- A Casa das Belas Adormecidas, por Yasunari Kawabata
Obra de 1961, com elementos de erotismo um tanto exóticos.
Eguchi, um senhor de 67 anos, frequenta um bordel onde moças estão em um sono profundo, sob efeito de narcóticos. Os visitantes podem tocar nelas, mas não mais que isso.
Bem, é Yasunari Kawabata (outro Nobel), então já é de se esperar algo estranho.
Li esse livro mais de dez anos atrás. No começo não tinha certeza se havia gostado ou não. Mas uma frase da obra me marcou, que era algo assim:
“Morte, uma única vez. O amor, infinitas vezes”
8- Minha querida Sputnik, por Haruki Murakami
Fiquei impressionada com a sensibilidade da obra. Perdidamente romântica. Fui totalmente tragada pelo universo do autor lendo esse livro. Amei a experiência.
É uma história de amor entre duas mulheres. Realmente lindo. Embora também possa ser descrito como um triângulo amoroso.
Já estou acostumada com as situações inusitadas que acontecem nos livros do Murakami, mas nunca deixo de me surpreender e de me maravilhar.
9- The Lake, por Banana Yoshimoto
Não sei se tem esse livro em português, mas tem outras obras da autora traduzidas.
Gostei da forma natural com que ela escreve e a forma com que seus personagens choram. Os homens do livro são retratados de forma frágil e sensível. Os personagens possuem muita vida e é possível senti-los fortemente. A narrativa foi bem tranquila e doce. Até os personagens dela possuem nomes graciosos, geralmente cheios de “is” e “enes”.
10- O Impiedoso País das Maravilhas e o Fim do Mundo, por Haruki Murakami
“Minhas ereções tinham sido perfeitas como as pirâmides de Gizé”
Esse eu li em inglês porque na época acho que ainda não tinha em português.
A premissa é fascinante. Para ser sincera, diferente dos outros livros, esse não começa num ritmo alucinante. Demorou um tempo para eu pegar o fio da meada e as coisas começarem a se encaixar.
Mas quando se encaixam… ah, que foda!
O que foi isso? Uma mistura de Lewis Carroll, com Kafka e Aldous Huxley? Algo assim.