Top 10 Livros de Biologia

Wanju Duli
8 min readDec 24, 2018

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Me desculpem, mas não vou colocar “A Origem das Espécies” de Darwin nessa lista, apesar de eu já ter lido. Eu gosto do Darwin, ele é um cara legal, mas ele se empolga demais nas explicações. Sem dúvida, esse livro dele é muito importante e incentivo que todos aqueles que têm paciência de ler dezenas ou até centenas de páginas de descrições de minúcias da geologia e de observações de características das diferentes espécies de animais e plantas o leiam.

Vou tentar colocar aqui livros que considero, além de importantes, de leitura agradável e mais fácil.

1- O Gene Egoísta, de Richard Dawkins

Já devo ter lido mais de cinco livros do Dawkins. Eu tenho mais de 500 resenhas de livros espalhadas nos meus blogs e não sei onde estão todas as resenhas detalhadas que fiz dos livros dele. Portanto, vou tentar lembrar de cabeça e citar aqui apenas dois livros dele que lembro serem bons, embora eu não tenha certeza se foram os que mais gostei.

Conforme me recordo, “O Gene Egoísta” prende bastante a leitura e tem capítulos muito inteligentes e interessantes. É difícil deixá-lo de fora numa lista dos melhores livros de biologia. Há muitas curiosidades empolgantes e trechos emocionantes. Muitos capítulos me deixaram refletindo por um bom tempo.

Como vocês devem imaginar, tenho minhas divergências em relação ao Dawkins. Ele não é teólogo, mas tem, como toda pessoa, direito de ter sua opinião sobre religiões. Eu o respeito como biólogo. Ele pode dizer o que quiser sobre religiões. Vou continuar lendo os livros dele sobre biologia porque ele é um ótimo pesquisador e escritor.

2- O Maior Espetáculo da Terra, por Richard Dawkins

Depois de “O Gene Egoísta” teve outro livro dele que gostei muito. Não tenho certeza se foi esse, mas é possível que tenha sido. Se posteriormente eu conseguir achar minhas resenhas desses livros em algum lugar, eu atualizo esse post com mais detalhes das minhas opiniões sobre as obras. Já faz alguns anos que os li.

3- O Imperador de Todos os Males, por Siddhartha Mukherjee

Gosto muito desse autor! Aliás, ele é indiano.

Esse é um livro com a história do câncer, que eu li uns quatro anos atrás. Também assisti ao documentário sobre a obra, que é ótimo.

Fiquei particularmente empolgada nas partes do livro em que o John Hunter ou o Vesalius eram mencionados, já que li a biografia dos dois e sou fã.

Foi muito curioso a parte sobre a descoberta de que cigarro tinha relação com câncer. Aparentemente mais de 90% das pessoas fumavam no início do século XX, incluindo crianças, e com o aumento dos casos de câncer de pulmão se cogitava que o câncer podia estar sendo causado pela fumaça das cidades grandes ou dezenas de outros fatores. Jamais era mencionado o óbvio: o cigarro.

Também foi intrigante saber que a ideia do tratamento de câncer pela quimioterapia surgiu por causa da guerra. Talvez alguém queira elogiar a guerra agora, mas na verdade o cigarro se espalhou e se popularizou tanto exatamente por causa da Primeira Guerra.

4- O Gene, por Siddhartha Mukherjee

Lembro do dia em que vi esse livro nas livrarias. Eu já tinha lido “O Imperador de Todos os Males” há poucos anos e ver o nome do autor estampado em outro livro foi uma surpresa.

Eu quase dei gritinhos e pulinhos na livraria: “Siddhartha Mukherjeeeeee mon amour I love yoouuu” ❤ ❤ ❤

Então é claro que eu comprei o livro. Afinal, o que se pode fazer diante dessa situação, não é mesmo?

Na verdade, eu não comprei imediatamente no dia que eu o vi. Vi esse livro pra vender na Índia em tudo que é lugar e quase comprei umas mil vezes. Acabei não comprando, mas eu sabia que cedo ou tarde ia querer ler. No final, eu o adquiri em português. A vantagem é que fica mais fácil para emprestar depois.

Gostei principalmente do começo do livro, que conta a história de Mendel, Darwin e diversas descobertas importantes da época. Mas o desenvolvimento do livro também é bem interessante. Ele aborda as descobertas do século XX e XXI, incluindo trabalhos super recentes, que estão sendo feitos há poucos anos. A epigenética é especialmente empolgante, quando falamos da interação do meio ambiente sobre os genes.

5- A Dupla Hélice, por James D. Watson

Já que estamos falando de livros empolgantes, aqui vamos nós!

Só para colocar as coisas em perspectiva, os livros do Dawkins costumam ter em torno de 500 páginas cada e os do Mukherjee mais de 600. Então se você está a fim de ler um livro menor, esse é uma boa opção, com umas 200 páginas.

Li esse livro por recomendação e gostei muito. É um livro emocionante em que Watson retrata como ele e o Crick descobriram a estrutura do DNA. Infelizmente, ele critica bastante as importantes contribuições de Rosalind Franklin. Ela só não recebeu o prêmio Nobel com eles porque morreu antes.

Uma parte que me chamou particularmente a atenção no livro é quando Watson critica pessoas que ficam “perdendo tempo” filosofando sobre os limites do método científico, enquanto ele resolveu lidar com questões mais práticas e diretas. De certa forma, ele tinha um pouco de razão, pois até ganhou o Nobel, mas, cara, pensa num sujeito arrogante!

Ainda assim, não deixa de ser um livro divertidíssimo. Vale muito a pena.

6- O que é vida?, por Erwin Schrödinger

Fiquei curiosa para ler esse livro porque o Francis Crick (sim, o próprio), um dos descobridores da estrutura do DNA, interessou-se mais pela biologia devido a esse livro. Muitos outros físicos famosos desejaram se envolver mais com a biologia após essa leitura.

Achei interessante como o autor não fala somente de física e biologia, mas também envolve vários debates filosóficos e teológicos.

Sério, leiam esse livro. É lindo! Além disso, o autor é um querido e tem uma didática excelente. E tem só umas 200 páginas também.

7- The Hot Zone, por Richard Preston

Como vocês já devem ter reparado, estou incluindo nessa lista de livros de biologia também alguns da área da saúde.

Esse é um best seller de 1994 contando a história do Ebola.

O autor é um ótimo contador de histórias, pois ele descreve fatos reais como se fosse uma emocionante história de ficção. A forma com que ele relata os eventos e a sequência em que os descreve faz realmente prender a leitura.

Algumas frases do livro, que eu lembro, são mais ou menos assim: “O que a AIDS faz em você em dez anos, o Ebola faz em dez dias” e “Esses caçadores de Ebola são loucos! Eles deviam pesquisar uma doença mais segura, como o Anthrax”.

Acredito que algumas pessoas gostam de trabalhar com coisas perigosas, além de sentir a adrenalina de saber que a qualquer momento pode ser infectado. Ou melhor, obviamente algumas pessoas trabalham com isso para salvar vidas e pela importância da coisa, mas eu sinto que um dos motivos que impulsiona alguns pesquisadores é o perigo.

É interessante que esse livro foi escrito numa época em que ainda não se sabia qual animal era o hospedeiro. Hoje se sabe que é o morcego. Também não havia vacinas.

O autor quis entrar nas cavernas de países africanos em que as primeiras pessoas foram infectadas. Só pela adrenalina. Ele foi protegido com uma roupa especial, mas, poxa cara! Ele até chegou a discutir com os moradores locais o que deviam fazer com o cadáver dele caso ele fosse infectado.

Adoro esses malucos. Adoro ler esses livros.

8- O Polegar do Violinista, por Sam Kean

Amo!!! ❤

Esse livro foi minha irmã que comprou. Aliás, ela que me empresta os livros do Dawkins também. Ela tem vários.

Eu li outro livro desse autor, mas de química, chamado “A Colher que Desaparece”, que também é excelente.

Em “O Polegar do Violinista” são contadas várias curiosidades, fatos verídicos envolvendo genética e outras áreas da biologia.

Um capítulo divertido é sobre o “RNA Tie Club”, um clube científico de “gentlemen” que pesquisavam o DNA. E adivinha quem fundou o clube? O Watson, é claro, junto com George Gamow. Cada membro recebia uma gravata com hélices de RNA nas cores verde e amarelo.

Pessoas como Francis Crick e Richard Feynman (que também ganhou um Nobel) também fizeram parte do clube.

RNA Tie Club, 1955. Da esquerda para a direita: Francis Crick, Alex Rich, Leslie Orgel e James Watson

9- Epigenética, por Richard C. Francis

Esse livro é sobre a influência do meio ambiente nos genes. No final são apontadas as relações de câncer e epigenética, começando com um exemplo de um câncer transmissível entre os diabos da Tasmânia (sim, existem tipos de câncer que podem ser transmissíveis, mas são raros). No começo também são mostrados outros casos relevantes: por exemplo, homens que fumam antes da puberdade têm maior chance de ter filhos obesos.

É uma leitura de fácil entendimento e com exemplos intrigantes. Ótimo livro!

Para quem acha que ter certos genes significa destino, é bom saber que nossos genes vão mudando ao longo de nossa vida, dependendo da influência do meio ambiente sobre eles (o que comemos, o quanto nos exercitamos, etc).

10- Plagues and Peoples, por William H. McNeill

Essa foi minha resenha desse livro de 1976, que eu fiz em junho do ano passado:

“Levei um século pra terminar de ler esse livro, mas consegui!

Eu o encomendei porque é uma referência importante em livros com histórias de doenças infecciosas. Adoro ler sobre doenças infecciosas. Principalmente Ebola, que é minha favorita. Também gosto de ler sobre AIDS. É só ser uma doença originária da África (ou da Índia também) que eu vou gostar ehehehe.

Achei ótimo o livro. Ele faz uma relação entre as doenças macro e microparasitárias. Faz bastante sentido o raciocínio dele.

Fiquei particularmente encantada com a teoria da relação entre cristianismo e budismo e doenças infecciosas. Tanto a Índia quanto a Jerusalém da época de Jesus são lugares quentes e propensos a doenças desse tipo. Como havia muitas mortes, as pessoas precisavam de religiões que lidassem com o problema do sofrimento. Por isso essas religiões ficaram tão célebres: pois vão diretamente à questão da dor humana”.

Já li muitos outros livros das áreas biológicas, mas esses dez são os que lembrei no momento para mencionar. Depois vejo se descubro quais foram os outros livros do Dawkins que eu li.

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Wanju Duli
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