Inversão da Fé
“O difícil da fé, escreveu Kierkegaard, é que ela requer uma entrega infinita a algo absurdo. Exige uma resignação sem fim. Kierkegaard usava a história de Abraão e Isaque para ilustrar a enormidade do que Deus pede. Ele pede que Abraão mate seu próprio filho. Abraão precisa ter muita fé em Deus para estar disposto a desobedecer à lógica do mundo. Você precisa estar disposto a se perder, enfatiza Kierkegaard, desnudar-se de si mesmo e renunciar todo o poder que recebeu no decorrer da sua vida. Repetidas vezes, Kierkegaard descreve como é ouvir atentamente a fé sem ser capaz de dar esse salto absurdo”.
(A Segunda Montanha, por David Brooks)
Ao longo dos meus anos de estudo de cristianismo, eu escutei o alerta de diferentes autores sobre o perigo da inversão da fé. T.S. Eliot escreve o seguinte:
“E o que é pior em tudo isso é advogar o cristianismo, não porque ele é verdadeiro, mas porque ele pode ser benéfico […] Justificar o cristianismo porque ele oferece uma base sólida para a moralidade, em vez de mostrar a necessidade da moralidade cristã a partir da verdade do cristianismo, é uma inversão perigosíssima”
Bertrand Russell escreveu algo parecido:
“Sou capaz de respeitar os homens que argumentam que a religião é verdadeira e que, portanto, deve-se acreditar nela, mas só posso sentir uma profunda aversão moral por aqueles que dizem ser necessário acreditar na religião porque ela é útil e que o ato de perguntar-se se ela é verdadeira ou não é perda de tempo”
Pois bem. Como muitos autores respeitáveis costumavam repetir essa ladainha, digamos que na época em que a li eu a tomei quase como um dogma. Até que eu refleti mais profundamente sobre o significado dessas palavras. Ou melhor, não foi bem uma reflexão que mudou meus pensamentos, mas experiências de vida.
No meu texto anterior eu expliquei porque eu não acho que o fato de uma religião ser verdadeira seria o principal motivo de se acreditar nela. Mas irei explicar novamente o raciocínio aqui.
Como Wittgenstein já nos avisou tantas vezes, pode haver uma grande confusão com o uso que fazemos das palavras. Depende do que queremos dizer com “verdade”.
Como sabemos que algo é verdade? Como poderíamos afirmar, por exemplo, qual religião nós achamos que mais se aproxima da verdade?
Não há uma resposta fácil para isso. Se fosse tão fácil decidir qual religião é a verdade, não haveria tantos debates religiosos e desentendimentos mesmo nas questões aparentemente mais básicas, como a existência de Deus.
Há céticos extremos que não acreditam nem mesmo que o mundo existe ou que eles mesmos existem. Há também quem não acredite numa verdade. Há quem não acredite no amor.
A lógica às vezes pode nos confundir e nos atrapalhar. Mas ela não deve ser um obstáculo e sim uma aliada. Felizmente, o ser humano não é apenas razão e pode usar outras de suas faculdades para auxiliá-lo.
“A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”
(João Paulo II)
Muitos de nós acreditam no amor não porque a lógica nos diz que ele é verdadeiro. É simplesmente algo que sentimos e é difícil de explicar. Mas isso é o bastante para muita gente.
Algo parecido ocorre com a existência da alma e de Deus. Há pessoas que simplesmente acreditam, assim como acreditam no amor.
Como David Brooks disse em seu livro, quando você vê um jihadista do Estado Islâmico decapitando uma pessoa, você não se sente revoltado apenas porque um corpo de carne foi morto. Você se sente revoltado porque algo ainda mais sagrado foi violado. Assim como Tolstói se sentiu ao presenciar uma execução.
Alguns chamam esse algo sagrado de alma. E esse algo que abraça todas essas almas, a origem dessa chama sagrada, seria Deus. Fica mais fácil pensar nisso se acreditamos na dignidade humana e nos direitos humanos. Se o corpo é apenas uma coisa feita de carne que nasceu por acaso e morre por acaso, que diferença faz que isso viva ou morra?
Na visão religiosa, não se encara a desigualdade social, por exemplo, como uma mera questão política. Eu quero que os outros possam se alimentar, ter acesso a hospitais, educação, etc, não só porque eu tenho acesso a isso, acho que isso é bom e quero que outros tenham. É mais que isso.
Na visão religiosa, violar a dignidade humana e seus direitos é um pecado que clama aos céus. É a violação de algo sagrado.
Na visão cristã existe o corpo místico de Cristo ou a junção de todas as almas, vivas ou mortas. Eu não sou apenas um ser separado. Eu só me completo com os outros. E eu me uno aos outros através dos atos e orações. Ou seja, os atos de misericórdia espiritual e corporal.
Se eu acredito em Deus e alma, será que eu irei valorizar mais a vida ou menos? C.S. Lewis responde que mais, com o seguinte argumento:
“Preocupação com as coisas do céu não desvaloriza ou diminui as preocupações pelas coisas da terra pela mesma razão que a preocupação de uma mulher grávida pelo futuro do seu bebê não desvaloriza, reduz ou distrai sua preocupação pelo presente do bebê. Se ela acreditasse que seu bebê iria nascer morto, ou se ela quisesse que seu bebê morresse (quisesse um aborto), então a vida do bebê estaria diminuída e desvalorizada, e ela iria parar de se preocupar com ele. Se nós acreditamos que essa vida termina com a morte, como um aborto cósmico, então nós iremos nos importar com ela não mais, porém menos, do que se acreditássemos que é uma gravidez que acarretará em eternidade”
Sendo assim, segundo esse argumento de C.S. Lewis, enxergar o mundo de uma perspectiva espiritual faz com que valorizemos mais a vida humana e não menos. E isso é bom!
Era a esse ponto que eu queria chegar. Vamos agora retomar o que T.S. Eliot e Bertrand Russell nos disseram sobre a verdade.
Segundo eles, devemos acreditar numa religião somente porque ela é verdadeira e não porque ela é útil ou benéfica. Mas como assim?
Vamos nos perguntar de novo: como sabemos que algo é a verdade? Usando apenas a razão? Se fosse assim, somente os maiores teólogos se aproximariam da verdade e ainda assim seria muito difícil.
E mais: se fosse necessária somente a razão para descobrir a verdade, teríamos nascido somente com mentes e não com corpos. Afinal, o corpo serve para quê? Somente para dar-lhe combustível e fazer a mente funcionar? Não. Eu acredito que o próprio corpo possui uma função para nos levar à verdade juntamente com a mente.
Eu gosto muito do cristianismo porque ele nos mostra um Deus num corpo humano e não um Deus que é apenas mente. O cristianismo mostra que nosso corpo tem uma função nesse mundo.
Se a verdade é atingida apenas através da razão e da teologia, então não, nós não devemos seguir uma religião apenas ao concluir que ela é verdadeira. Senão, estariam excluídos da salvação pessoas que não sabem ler e escrever e não entendem de teologia.
Porém, se essa verdade pode ser entendida e sentida através de outras formas, então sim, T.S. Eliot e Bertrand Russell tinham alguma razão quando nos indicaram escolher uma religião quando a julgamos verdadeira.
No entanto, T.S. Eliot afirma ser errado “Justificar o cristianismo porque ele oferece uma base sólida para a moralidade, em vez de mostrar a necessidade da moralidade cristã a partir da verdade do cristianismo”.
Essa já é uma afirmação um pouco mais difícil, então vamos investigá-la.
Conforme disse C.S. Lewis, a crença em Deus, na alma e na vida eterna pode evocar em nosso coração o senso de que a vida humana não deve ser somente respeitada, mas que ela é sagrada.
Sendo assim, a crença em Deus pode ser “útil” para nos sentirmos mais impelidos a lutar pelos direitos das pessoas. Concluindo, é bom ter uma religião porque ela é útil para valorizar e proteger os seres humanos?
Segundo David Brooks, ter uma religião ou acreditar em Deus não nos torna necessariamente melhores, já que ateus também são capazes de atos de bondade assim como os religiosos. Porém, Brooks nos diz que a religião, embora não seja garantia de maior bondade, pode nos “apontar o caminho” nessa direção.
Ou, como diz o famoso Peregrino Russo:
“O cristão não é um homem melhor do que os outros, nem mais inteligente, nem mais amoroso, ele apenas caminha com alguém, ele se mantém na sua presença”
E esse “caminhar com alguém” faz toda a diferença. Você não está mais sozinho num universo sem sentido. Você se sente conectado a Deus a às almas dos outros, pois estão todos unidos no Corpo Místico de Cristo. Isso significa que a vida da outra pessoa também é sua vida.
É uma diferença muito sutil, mas eu gostaria de apontá-la. Não é que uma pessoa escolha conscientemente se tornar religiosa porque ela decide racionalmente que aquilo pode lhe ajudar no caminho da bondade.
Acreditar em Deus ou ter uma religião é como o amor. Você olha para uma pessoa e se apaixona. Passa um tempo com ela e o amor se aprofunda e amadurece.
É como se, ao perceber que a religião pode aprofundar o seu amor, você a considera verdadeira exatamente por isso. Então nós acreditamos que uma religião é verdadeira porque sentimos nela o amor. Sentimos que nosso amor pelos outros se aprofunda quando oramos, quando nos envolvemos nos rituais, nas crenças, nos atos de caridade.
Não sei se consegui ser clara nessa distinção. Então vamos tentar ir mais fundo na definição.
Eu particularmente acredito que uma pessoa pode ser salva, ir para o céu, etc, independente de sua religião. Não importa se você é ateu, cristão, muçulmano, judeu, hindu, budista, wiccano, etc.
A salvação, na minha compreensão, tem mais relação com suas boas ações. Claro, tem aquela velha discussão sobre o papel da fé e das obras na salvação. Acredito que ambas são importantes: fé e obras. Mesmo que sua fé não seja em Deus, que seja no amor, na dignidade humana. Afinal, é essa fé que impulsiona as obras, é sua origem. E também uma fé que te torne mais humilde, que te lembre que seus méritos não são apenas pelos seus esforços e que ninguém faz nada sozinho.
Então, se não importa a religião, que diferença faz a religião que escolhemos?
Ahá! Chegamos num ponto interessante. Pessoas escolhem religiões pelas mais variadas razões. Às vezes porque é a única religião que conhecem, que aprenderam. Se você nasceu e morreu numa tribo distante que tinha apenas aquela religião, é com aquelas crenças que irá se guiar e será o bastante.
Há quem escolha uma religião por tradição, porque os pais ensinaram, porque vive naquela comunidade, foi educado nela. Ou porque se apaixonou por alguém que tenha aquela religião. Ou porque teve que se converter para não ser morto ou para não ter alguém que ama morto.
Existem até pessoas que se convertem ao islamismo porque se apaixonaram pela língua árabe (eu as entendo completamente).
Aí que está: não acho que alguns motivos de conversão devam ser considerados banais ou inferiores. Eles podem ser importantes para certas pessoas. Mesmo que seu motivo inicial de conversão pareça meio bobo, pode ser que depois sua fé se aprofunde até mais do que a de alguém que optou por uma religião por um motivo “elevado”. Sinceramente, acho que seu motivo inicial de conversão não deve importar tanto.
Eu acho um pouco arrogante da parte de teólogos, filósofos ou grandes pensadores afirmarem que as pessoas devem escolher uma religião pelo “motivo certo”. Esses pensadores frequentemente vivem numa Torre de Marfim. Há pessoas que não sabem ler ou escrever, não têm o que comer. É muito fácil que um teólogo bem alimentado julgue os outros. Aliás, eu até diria que uma religião pode ser definida como muito boa se pode ajudar principalmente os que mais precisam: os mais pobres, que às vezes foram abandonados pela comunidade, família ou Estado, e só têm Deus.
Cada pessoa tem limites em seu nível de compreensão das coisas e mesmo com algo pequeno (vou para aquela igreja porque achei bonita ou porque gosto de cantar) sua fé pode se tornar imensa e suas ações de caridade também.
Mas mesmo que as diferentes religiões ou até a ausência delas possam ter um efeito similar, ele nunca é igual. Eu acho importante refletir seriamente na escolha de uma religião. Todas ensinam coisas boas, mas pode ser bom investigar qual te evoca um amor mais forte.
Qual religião faz acender uma chama em mim? Qual religião me faz desejar mudar o mundo, ajudar as pessoas? Qual religião me conecta mais com os pobres? Qual religião me traz mais perto da simplicidade?
Todas essas perguntas são dignas de investigação. Acho que a escolha de uma religião ou aquela que achamos que mais ressoa com a verdade (ou conosco) tem relação com esse tipo de amor e conexão que gera em nós.
Portanto, não, eu não acho que a escolha de uma religião é algo trivial. Não é que “qualquer coisa serve”.
Eu, por exemplo, penso coisas como: o cristianismo ressoa comigo, porque fala do amor, humildade, caridade, santidade, martírio. Acredito que são coisas boas, que faz nosso coração queimar por dentro.
Por outro lado, o islamismo também fala dessas coisas. Assim como o cristianismo, nos conecta com pessoas pobres, nos convida a ser como os pobres. Então ele também não é bom? Não nos aponta para a verdade? Não contém verdade?
O hinduísmo também, e ele é muito vivo na Índia e nos indianos. Faz nosso coração arder.
Então não é que iremos escolher a religião mais útil para nós. Nós iremos observar qual delas nos faz sentir queimando por dentro e que nos impele à ação.
Agora eu gostaria de falar sobre o parágrafo inicial, de Kierkegaard. Segundo ele, a fé requer uma entrega infinita a algo absurdo. E o que é esse algo absurdo?
Eu acho que esse algo absurdo não é apenas a crença em Deus, na alma e numa vida após essa. A crença mais absurda e ardente que pode haver é a crença num amor tão forte que ultrapasse a capacidade humana. E para obtê-lo precisamos de uma ajuda que vá além de nós mesmos.
Ter uma fé ou uma religião é pedir ajuda para ser capaz de ter esse amor. Afinal, na época em que vivemos nós aprendemos que podemos ser egoístas e que está tudo bem ser individualista. Nós podemos amar os outros contanto que eles nos amem de volta. Ajudamos os nossos amigos, nossa família, pessoas que conhecemos e gostamos.
O cristianismo, por exemplo, nos convida a amar nossos inimigos. Esse é um amor absurdo! Como vou amar alguém que matou minha família?
Esse não é um amor possível a um ser humano. Portanto, ele só é possível de obter se tivermos o auxílio de Deus. É aí que entra a religião.
O amor que a religião ensina nos livros sagrados é um amor tão grande que nos assusta. Por que eu vou ajudar os pobres se eles não têm nada a ver comigo e se mal sobra dinheiro para eu comprar as coisas que gosto?
Mas a religião vai além disso. Ela não nos convida apenas a dar esmola, a jogar as moedas que sobraram. A religião nos ensina a nos tornarmos pobres. Ela nos convida a ser um pobre, a ser igual ao outro: tornar-se o outro. Ela nos convida para a morte: morra pelos outros, martirize-se!
Esse é um amor muito grande. Esse é o amor absurdo do qual fala Kierkegaard.
Hoje em dia você escuta coisas como: valorize-se, pense em você primeiro, ame a si mesmo antes de amar os outros.
A religião inverte esses valores. O cristianismo nos ensina que devemos ser o menor de todos. Que nós devemos amar os outros primeiro, pois Deus nos amou primeiro, desde o início do mundo. E isso é realmente aterrorizante!
Hoje em dia não confiamos nos outros. Temos medo de ser psicologicamente feridos, fisicamente machucados. Até de sermos mortos.
Mas o cristão, o santo, o mártir, abraça a morte com alegria, pelo seu amor a Deus. Ele acredita que há outro mundo depois desse, que esse amor é imortal. Essa é a história de amor mais bela do mundo: o amor da criatura pelo seu Criador. Após a morte, eles finalmente se verão face a face.
Mas não é paradoxal que um religioso seja convidado a perder o medo da morte e entregar sua vida? Ao descobrir uma alma dentro de si, a vida não se torna ainda mais sagrada?
É aí que entra o salto da fé, do qual falou Kierkegaard.
Digamos, você atualmente é uma pessoa comum, com medo da morte, que deseja amar contanto que seja amado em troca. Que deseja ajudar os outros, até o ponto que isso não te prejudique. Seu amor tem limites e condições.
Você deseja se tornar aquele santo das lendas, mas tem medo. Você tem medo que te ridicularizem, que te considerem tolo, fraco, louco. Mas, acima de tudo, tem medo da dor psíquica e física que essa escolha irá acarretar. Será a destruição do velho eu.
Quando você dá esse salto da fé, você não está preparado. Como disse David Brooks, você deve dar o salto exatamente quando não está preparado (ou o salto não seria necessário. Seria apenas uma caminhada suave).
Ou seja, você provavelmente nunca estará preparado para ter aquele amor dos livros sagrados, para encarnar aquele amor em si. Porque isso não é possível para um ser humano. O amor humano tem limites. Por isso é necessário entregar tudo para Deus.
É preciso rejeitar os valores desse mundo: o egoísmo, o individualismo, o materialismo. Porque Deus te fez para algo muito maior.
As religiões nos ensinam que você pode ir para o céu mesmo sem fazer a travessia desse abismo. Mas se você fizer, algo realmente especial te aguarda.
Os cristãos brincam dizendo, como Jesus diz no Novo Testamento, que o que te aguarda se fizer essa travessia são coisas realmente maravilhosas. As mesmas coisas que aguardavam os apóstolos: pobreza, dores, perseguição e morte.
Mas aquele que tem fé recebe tudo isso como presentes abençoados. Uma pessoa não faz esse salto em busca do céu, de uma iluminação, de uma recompensa, nem mesmo de alegria ou paz. Não faz por visões espirituais ou por sensações místicas de êxtase.
Ao contrário, ela faz isso somente por amor a Deus. Apenas porque esse amor é forte demais para segurar. Não importa que isso gere sofrimento. Se você sofrer não significa que está errado. A noite escura pode se tornar seu novo melhor amigo, seu fiel companheiro de jornada.
Esse é um conceito muito estranho, mas é assim mesmo. Como diz Kierkegaard, Deus te pede algo enorme. Ele te pede para desobedecer a lógica do mundo e se perder.
Você não faz isso para que, lá no final, seja capaz de sentir uma alegria maior do que aquilo que sente atualmente. Não é nada disso. Não importa se não houver alegria depois. No mundo em que vivemos nós só fazemos algo se isso nos traz um ensinamento, prazer, paz, êxtase ou qualquer coisa boa.
Mas o “louco” apaixonado por Deus ama tanto o “mundo”, assim como Jesus amou (inevitável que me venha à mente agora algumas cartas de tarot), que apenas ama, ama e ama, sem explicação. Deus entregou seu filho único para ser imolado como um cordeiro. E você também não aceitará entregar nada menos que seu ser inteiro.
Chamei esse texto de “inversão da fé” para mostrar que a escolha de uma religião ou de uma fé não é apenas uma “escolha racional pela verdade”. É um amor louco, apaixonado, que queima! Você não está quietamente investigando a verdade como um estudioso.
Você quer aprender a amar. Quer conhecer Deus, ajudar os outros, entregar-se totalmente. Com qual religião você pode inflamar mais o seu corpo para entregar-se para o holocausto? É essa a pergunta certa a fazer. Qual delas me queima mais completamente para o sacrifício? Qual delas deixa apenas a chama do amor? Essa sim, é a verdade: o amor sem medidas.
Nós geralmente não buscamos algo assim tão extraordinário porque nos assustamos diante desse peso. Nós frequentemente nos esquecemos que não faremos isso sozinhos. O nosso papel é apenas orar e humilhar-se diante de Deus. E ele faz o resto. Nós seremos o instrumento de Deus.
É claro, estou usando termos principalmente cristãos para explicar tudo isso, mas fique à vontade para usar outros termos.
O que devemos entender é que sim, é possível ter um amor muito mais forte do que imaginamos. E é isso que realmente importa.