A Guerra da Arte, por Steven Pressfield

Wanju Duli
4 min readJul 16, 2021

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Eu li esse livro em julho do ano passado e hoje minhas memórias do Facebook me lembraram disso. Há muitas passagens ótimas nesse livro, então decidi reunir algumas para compartilhar aqui.

“Quanto mais medo tivermos de uma tarefa ou vocação, mais certeza podemos ter de que devemos realizá-la.

Portanto, quanto mais medo sentirmos sobre um determinado empreendimento, mais certos podemos estar de que o empreendimento é importante para nós e para o crescimento de nosso espírito.

O profissional enfrenta o projeto que representa um desafio para ele. Assume a tarefa que o levará por mares nunca antes navegados, que o compelirá a explorar partes inconscientes de si mesmo.

Ele tem medo? Sem dúvida. Ele está petrificado.

Portanto, se você estiver paralisado de medo, isto é um bom sinal. Mostra-lhe o que deve fazer”

“Às vezes, deixamos de nos lançar em um empreendimento porque temos medo de ficar sozinhos. Sentimo-nos confortáveis com a tribo ao nosso redor; deixa-nos nervosos partir para a floresta sozinhos.

Eis o truque: nunca estamos sozinhos. Assim que nos afastamos do clarão da fogueira do acampamento, nossa Musa pousa em nosso ombro como uma borboleta. O ato de coragem infalivelmente evoca aquela parte mais profunda de nosso ser que nos apoia e nos ampara”

“Os amigos às vezes perguntam: “Não se sente isolado sentado sozinho o dia inteiro? “ No começo, parecia estranho ouvir-me responder: ‘Não”. Depois, percebi que não estava sozinho: estava no livro: estava com meus personagens. Estava comigo mesmo.

Não só não me sinto sozinho com meus personagens, como eles são mais vívidos e interessantes para mim do que as pessoas na minha vida real. Se você pensar bem, não poderia ser diferente. Para que um livro (ou qualquer projeto ou empreendimento) prenda nossa atenção pelo tempo necessário para se realizar, tem que estar ligado a alguma perplexidade ou paixão interna que seja de suprema importância para nós. Esse problema torna-se o tema de nosso trabalho, mesmo que, no começo, não possamos compreendê-lo ou defini-lo. À medida que os personagens despontam, cada qual infalivelmente incorpora um aspecto desse dilema, dessa perplexidade. Tais personagens podem não ser interessantes para mais ninguém, mas são absolutamente fascinantes para nós. Eles são nós mesmos. Versões mais sensuais, mais inteligentes, mais mesquinhas de nós mesmos. É divertido estar em sua companhia porque eles se debatem com a mesma questão que nos anima. São nossas almas gêmeas, nossos amantes, nossos melhores amigos. Até mesmo os vilões. Especialmente os vilões”.

“Quando era jovem e lutava pela sobrevivência, de alguma forma acabei nos Fuzileiros Navais. Existe um mito de que o treinamento dos fuzileiros navais transforma recrutas de rosto angelical em assassinos sanguinários. Acredite-me, os fuzileiros navais não são tão eficientes. O que realmente ensinam, entretanto, é muito mais útil.

Os fuzileiros navais o ensinam a se sentir um pobre coitado.

Isso é de um valor incalculável para um artista.

Os fuzileiros adoram se sentir infelizes e desgraçados. Os fuzileiros extraem uma satisfação perversa em comer uma boia mais fria, usar um equipamento em pior estado e ter índices de baixas superiores ao de qualquer outra equipe de praças do exército, marinha ou aeronáutica, todos os quais eles desprezam. Por quê? Porque esses maricas não sabem como se sentir um desgraçado.

O artista comprometido com sua vocação é um voluntário para o inferno, quer tenha consciência disso ou não. Durante todo o tempo, será submetido a um regime de isolamento, rejeição, insegurança, desespero, ridículo, desprezo e humilhação.

O artista tem que ser como o fuzileiro naval. Tem que saber se sentir um pobre coitado. Tem que adorar ser um desgraçado. Tem que sentir orgulho em ser mais desgraçado do que qualquer soldado, marujo ou aviador. Porque se trata de uma guerra, meu caro. E a guerra é o inferno”.

“O amador acredita que antes de mais nada ele tem que vencer o medo; depois, então, poderá fazer seu trabalho. O profissional sabe que o medo jamais pode ser superado. Sabe que não existe guerreiro ou artista sem medo.

O que Henry Fonda fazia, após vomitar no banheiro de seu camarim, era limpar-se e avançar para o palco. Ainda estava aterrorizado, mas forçava-se a seguir em frente apesar de seu pavor. Sabia que, assim que entrasse em ação, seu medo recuaria e ele se sentiria bem”

“Tememos descobrir que somos mais do que achamos que somos. Mais do que nossos pais/filhos/professores pensam que somos. Tememos possuir realmente o talento que nossa vozinha interior sussurra que temos. Tememos realmente possuir a coragem, a perseverança, a capacidade. Tememos realmente poder manobrar nosso navio, fincar nossa bandeira, alcançar nossa Terra Prometida. Tememos porque, se for verdade, seremos afastados de tudo que conhecemos. Atravessaremos uma membrana. Seremos monstros e monstruosos. Sabemos que, se abraçarmos nossos ideais, teremos que nos mostrar dignos deles. E isso nos apavora. O que será de nós? Perderemos nossos amigos e família, que não nos reconhecerão mais. Acabaremos sozinhos, no vazio glacial do espaço estrelado, sem nada ou ninguém a que se agarrar.

É claro, é exatamente isso que acontece. Mas o truque é o seguinte. Acabamos no espaço, mas não sozinhos. Ao contrário, somos capturados em uma insaciável, inesgotável, inexaurível fonte de sabedoria, consciência e companheirismo. Sim, perdemos amigos. Mas também encontramos amigos, em lugares onde nunca imaginamos procurar. E são amigos melhores, mais verdadeiros. E nós somos melhores e mais leais com eles”

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Wanju Duli
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