10 Coisas que eu aprendi com o cristianismo
Ler livros de cristianismo, ler a Bíblia, ler histórias das vidas dos santos, ir para a igreja, fazer retiros em mosteiros. Tudo isso e muito mais, que fiz ao longo dos últimos anos, me trouxe diferentes aprendizados. Aqui estão alguns dos conhecimentos que adquiri ao longo do caminho e as conclusões que cheguei.
1- Eu li e estudei o livro mais lido do mundo
Muita gente fala sobre a importância de ler livros, mas poucos lembram o quão importante é conhecer aquele que é tido como o livro mais lido do mundo. Essa é a fama que a Bíblia tem. Se não é o livro mais lido hoje, já o foi em algum momento da Idade Média europeia. Se não é o livro mais lido de todos os tempos, foi uma das obras com mais influência e que transformou a história da civilização ocidental.
A Bíblia foi o primeiro livro impresso por Gutenberg, no século XV. A primeira vez que eu li a Bíblia inteira, desde Gênesis até o Apocalipse, foi quando eu tinha 16 anos e comecei a fazer a operação de Abramelin pela primeira vez. Eu a li em um mês, pois a lia várias horas por dia. Mas depois disso, eu me foquei mais em reler o Novo Testamento, os Salmos e Gênesis. Isso fez com que eu praticamente ignorasse quase todos os outros livros da Bíblia, especialmente os do Velho Testamento, por um bom tempo.
Foi só sete anos atrás, quando resolvi voltar a explorar minha Bíblia empoeirada que eu redescobri o brilhantismo de outros livros bíblicos. Mas ler a Bíblia não é fácil! Há vários livros de leitura árida e um pouco monótona. Eu dou algumas dicas de como ler a Bíblia nesse texto.
Em suma, ajuda muito ler todo dia, mesmo que se leia apenas uma página por dia. Existem livros com resumos da Bíblia que são muito bons, como “A História” e a “Bíblia Jovem: Youcat”.
Eu descobri a alegria de ler obras lindas como o livro de Jó, Tobias, Isaías e Ezequiel. Aos meus 14 anos eu já tinha lido livros grandes e clássicos como a Ilíada e as Mil e Uma Noites. Depois de anos ouvindo falar mal da Bíblia como livro religioso, muita gente esquece seu imenso valor literário. Muitos dos pensadores mais famosos que conhecemos na história já leram a Bíblia. É extraordinário conhecer as histórias e as ideias que moldaram a mente ocidental.
Se você quer criticar a Bíblia, pelo menos a leia. Ou, como disse Pascal em sua obra “Pensamentos”:
“Informem-se pelo menos sobre o que é a religião que combatem antes de combatê-la”
Nos meus retiros em mosteiros eu também tive a oportunidade de realizar estudos bíblicos através da elaboração de fichas do Evangelho: um exercício em que você busca temas ou palavras específicas, como, por exemplo, “Jesus reza”. Também compareci a palestras dadas por especialistas e estudiosos.
Apesar disso, eu ainda me considero uma iniciante no estudo da Bíblia. Sempre há muito mais a aprender. É uma obra inesgotável. A cada nova leitura, descubro algo novo.
Somente lendo bastante e com atenção podemos começar a entender o motivo do grande amor que tanta gente tem por esse belo livro sagrado. Não devemos pressupor, com arrogância, que as pessoas são estúpidas por acreditar nele. Algumas das pessoas mais cultas do mundo tinham fé na Bíblia.
Hoje meu livro favorito da Bíblia é o Livro de Reis e meu profeta favorito é Elias. A história de sua vida me inspira.
2- Eu me encantei com as histórias das vidas dos santos
Até hoje já devo ter lido mais de cem livros com biografias completas da vida de alguns santos e certamente centenas de mini biografias de vários santos católicos, seja pela internet ou em livros com coletâneas, como o clássico medieval Legenda Áurea.
Apesar disso, eu brinco dizendo que quando eu experimentei jogar o Follow JC Go, eu quase sempre encontrava santos que eu não conhecia e ficava frustrada. A Igreja tem mais de dois mil anos de história e milhares de santos canonizados, então por mais que eu leia, eu nunca vou conhecer todos. Não deixa de ser um exercício de humildade.
Nos dias de hoje, é normal que consideremos a nós mesmos um cidadão exemplar, que ajuda a sociedade pelo seu trabalho, tenta ser gentil com os outros e contribui para um mundo melhor. Então toda vez que vemos pessoas ao nosso redor ou na internet fazendo comentários preconceituosos, políticos corruptos, etc, nós os condenamos, como se disséssemos: “Os outros são ladrões, mentirosos e preconceituosos, enquanto eu não sou”. Temos a sensação de que vivemos num mundo em que todos são horríveis, enquanto eu sou maravilhoso.
Mas ler as biografias dos santos nos dá uma perspectiva completamente diferente do mundo. Nós descobrimos como milhares de pessoas através da história (pessoas normais, como eu e você), incluindo até mesmo reis, príncipes e nobres, largaram tudo e doaram todo seu dinheiro para os pobres, distribuíam comida aos pobres todos os dias e cuidavam dos doentes gratuitamente, a ponto de perderem a vida fazendo isso.
É muito importante ler biografias de pessoas reais que fizeram todas essas coisas. Já derramei lágrimas de emoção lendo essas histórias e tenho meus santos favoritos que mais admiro, como Pier Giorgio Frassati (santo do século XX), Santa Rosa de Lima e São Martinho de Porres (esses dois são santos do Peru e o último é um santo negro).
Pier Giorgio Frassati morreu aos 24 anos contraindo poliomielite por ajudar os doentes. Santa Rosa de Lima morreu aos 31 anos, também porque ajudava muitos doentes. São Martinho de Porres também ajudava todos ao seu redor, doentes, animais, amigos e desconhecidos.
Aqui eu escrevi um texto sobre os santos jovens do século XX e aqui sugestões de livros com biografias de santos.
Ler histórias assim nos desperta para perguntar: “O que eu estou fazendo com a minha vida? Eu me considerava uma pessoa razoável. Talvez até mesmo boa, ou muito boa em meus melhores momentos. Mas não é bem assim. Eu posso fazer mais. Muito mais. Será que eu consigo? Eles conseguiram. Então eu também posso”.
Essas são biografias reais, com pessoas de carne e osso. Nós nos sentimos conectados a elas. Responsáveis pelo legado que elas nos deixaram com o testemunho de suas vidas. Surge o desejo de deixar o testemunho de nossas vidas para os outros e, acima de tudo, honrar a vida que Deus nos deu.
3- Eu aprendi história de uma forma que nunca imaginei
Eu gosto muito de ler livros de história. Já li vários livros de história geral, algo de história da África, história da Índia, história do Oriente Médio, do islamismo, etc.
Mas quando comecei a ler livros de cristianismo de forma séria, eu descobri uma história completamente diferente. Quando estudamos Idade Média no ensino médio, aprendemos que os cristãos queimaram bruxas, foram responsáveis pelas Cruzadas, pela Inquisição, que os jesuítas impunham sua cultura e religião para os índios, etc.
Porém, quando você lê livros de história escritos por cristãos, pela primeira vez você tem a oportunidade de escutar o outro lado.
Eu já li muitos livros especificamente de história do cristianismo e do catolicismo escritos por autores cristãos. Eu teria muitos autores para recomendar, mas para não me alongar aqui irei me focar em apenas um: Christopher Dawson.
Eu já li vários livros dele e lembro particularmente desses quatro: Progresso e Religião, a Formação da Cristandade, Criação do Ocidente e A Divisão da Cristandade.
Há muitos outros autores cristãos e católicos que eu gosto que abordam o aspecto histórico em seus livros, como Étienne Gilson e G.K. Chesterton.
Uma passagem que recentemente li num livro (escrito por um autor não cristão) foi a seguinte: muitos criticam o cristianismo por ter atrasado o progresso da ciência, na formação dos hospitais, por exemplo. Porém, sem a ênfase no princípio da caridade cristã, será que os hospitais sequer teriam existido ao longo da Idade Média e em tão grande número? Afinal, eram principalmente os cristãos que os fundavam, os administravam e arriscavam suas vidas, cuidando de pessoas que, de outra forma, teriam sido apenas exilados e deixados para morrer fora de sua terra, em solidão.
Os jesuítas também levaram muitos medicamentos europeus para as terras que viajavam. Muitos dos hospitais, escolas e universidades que existem até hoje, em diferentes países, foram fundados por cristãos, muitas vezes com atendimento e ensino gratuito.
4- Eu tive contato com muitos idiomas e culturas
A Bíblia foi elaborada por muitas mãos, em diferentes épocas e idiomas. Foi escrita originalmente em hebraico, aramaico e grego, mas é possível encontrá-la em diversos idiomas através da história, como o latim.
Conforme eu lia livros sobre o cristianismo, aprendi diversas palavras e expressões em latim. Principalmente quando eu lia os documentos no site do Vaticano.
Quando eu tinha por volta de 21 anos, eu estudei um semestre de teologia católica na faculdade e tive aulas básicas de hebraico.
Nesse último retiro que fiz, na Terra Santa, tive algumas aulinhas elementares de hebraico e grego, além de ter a oportunidade de treinar a caligrafia hebraica.
Tive a chance de assistir missas em muitos idiomas até hoje: português, espanhol, francês, latim, italiano, inglês, árabe e hebraico. Também já escutei cânticos católicos em aramaico, grego, hindi e outras línguas.
Quanto à Ave Maria, já a escutei em dezenas de idiomas, incluindo mandarim, coreano, japonês, alemão, polonês, russo, etc.
A religião cristã, como outras religiões, une pessoas de diferentes idiomas e culturas. Em missas católicas na Índia é comum as pessoas, em vez de apertarem as mãos, saudarem umas as outras com o Namastê e cantarem canções em suas línguas típicas, como o bengali, que ouvi nas missas em Calcutá.
5- Eu me maravilhei com a arte cristã
Não é novidade para ninguém que a arte cristã é belíssima. Num dos retiros que fiz, num mosteiro católico na Argentina, eu tive aulas com técnicas para preparação de iluminuras, as pinturas decorativas de pergaminhos medievais. Uma das garotas que conheci lá, que fez o retiro comigo, começou a fazer aulas de elaboração de ícones, que são tradição na Igreja Ortodoxa.
Uma das minhas artes cristãs preferidas é a do estilo copta. Em poucas palavras, eu acho MUITO fofo!!! Os coptas são os cristãos do Egito.
A arte etíope cristã também é de encher os olhos. Para quem não sabe, o cristianismo africano é muito forte. O cristianismo já era presente no norte da África desde os primeiros séculos da era Cristã (Santo Agostinho nasceu e morreu na Argélia). Sendo assim, quem tem a concepção de que o cristianismo é uma religião predominantemente europeia, estrangeira, imposta aos outros países, deve rever os seus conceitos. Na Índia o cristianismo também já está presente desde os primeiros séculos depois de Cristo.
É engraçado que quando o assunto é religião, muitos não querem ser cristãos sob a alegação de que é uma religião “dos dominadores”, com forte influência europeia. Mas quando é para consumir outros aspectos da cultura europeia (músicas, filmes, etc) as pessoas não se importam e deixam o suposto nacionalismo de lado. Sendo que a religião cristã já faz parte da cultura brasileira há mais de quatrocentos anos.
6- Em mosteiros eu aprendi a cozinhar, limpar, lavar, dentre muitas outras habilidades
“Ora et labora” (Ora e trabalha)
Regra de São Bento
Nos meus retiros em mosteiros católicos eu aprendi a fazer dezenas de coisas, principalmente tarefas domésticas. Isso é algo que se aprende a fazer em mosteiros de qualquer religião, é claro. Eu trabalhei muito no retiro de um mês que fiz num mosteiro budista. Se você não está pagando para fazer um retiro, paga com seu trabalho. Considero esse um aprendizado valioso. Para mim, um retiro completo deve incluir trabalho e não somente oração, aulas e palestras. A não ser, é claro, em circunstâncias especiais em que a pessoa está impossibilitada de trabalhar. Mas sempre há diferentes formas de ajudar e contribuir.
Quem estuda Idade Média no colégio, aprende que “uns guerreiam, outros rezam e outros trabalham”. Isso não poderia estar mais longe da verdade. Os monges, além de rezar, sempre fizeram muitos trabalhos pesados, incluindo trabalhos em plantações, cortar lenha, limpar e e cozinhar as próprias comidas. Sempre tiveram fama de excelentes anfitriões e hospedavam desconhecidos que chegavam, dando-lhes comida e um quarto para dormir.
É claro que antes de fazer meus primeiros retiros em mosteiros eu já sabia fazer coisas como cozinhar comidas simples, lavar pratos e varrer o chão. Mas os mosteiros levam essa prática a um nível completamente diferente.
Em mosteiros eu já tive experiências de aprender a cozinhar diversos pratos diferentes. Aprendi a fazer pão, biscoitos, bolos. Já lavei chão, móveis, geladeira, fogão, janelas e até paredes. Já fiquei horas seguidas lavando muitos pratos e panelas.
Quando vejo pessoas reclamando que precisam lavar os pratos acumulados na pia durante cinco ou dez minutos, recordo-me das minhas longas horas fazendo isso em mosteiros e chego à conclusão de que eu não tenho nada do que reclamar na minha vida.
Já limpei banheiros em mosteiros, incluindo vasos sanitários, banheiras e pias. Já fiz camas, já passei aspirador de pó, inclusive em escadas, já tirei folhas de calhas.
Num mosteiro você aprende que todo trabalho é importante. Limpar um banheiro é tão importante quanto fazer a tradução de um livro e todos os monges devem fazer um pouco de tudo, para ter uma vida equilibrada, incluindo o prior do mosteiro. Trabalhos manuais devem ser tão valorizados quanto trabalhos intelectuais, ou ao menos esse é o princípio no qual os mosteiros se estabelecem.
Na prática, às vezes pessoas com habilidades específicas em pintura ou idiomas acabam recebendo mais trabalhos nessas áreas, mas a ideia é que todos devem ser tratados de forma igual e todas as habilidades devem ser igualmente valorizadas. É claro que somos seres humanos. Da mesma forma que um professor pode ter seu aluno preferido, mas deve se esforçar para avaliar todos de forma igual, sem favorecimentos.
“Por meio da santificação do trabalho e da pobreza, o mosteiro revolucionou e subverteu completamente a ordem dos valores sociais da sociedade escravocrata do Império Romano, a qual também se expressava no ethos guerreiro-aristocrático dos conquistadores bárbaros, de forma que o camponês, que por tanto tempo fora o esquecido sustentador de toda a estrutura social, finalmente encontrava seu modo de vida reconhecido e honrado pela mais alta espiritualidade espiritual da época”.
(Criação do Ocidente: a Religião e a Civilização Medieval, por Christopher Dawson)
7- Na igreja também se ora e se trabalha
Não são apenas nos mosteiros que se equilibra oração e trabalho. No ambiente das paróquias isso também acontece.
Muitas pessoas que desconhecem o que se faz em igrejas, possuem a falsa noção de que só se vai lá para rezar. Tanto que uma das críticas clássicas aos jesuítas que fazem trabalhos em outros países é de que o único objetivo deles é converter os fiéis. Não é incomum ver charges de um jesuíta entregando uma Bíblia a uma criança morrendo de fome, como se os cristãos se preocupassem só com o aspecto espiritual e ignorassem completamente o bem-estar corporal das pessoas.
Isso não poderia estar mais longe da verdade. Desde seus primórdios o cristianismo foi uma religião que focou fortemente no corpo. Tanto que o Deus dos cristãos veio para esse mundo num corpo humano. Ele ajudava as pessoas não somente com ensinamentos, mas curando os doentes.
A Igreja possui sete obras de misericórdia corporal e sete obras de misericórdia espiritual. O cristão aprende a rezar pelas pessoas, a confortar com palavras e a perdoar. Mas também aprende que deve alimentar os que têm fome e visitar os doentes.
É curioso que as mesmas pessoas que criticam a medicina tradicional por só se focar na cura do corpo e ignorar o estado psicológico das pessoas, defendendo a importância da psicologia e psiquiatria no cuidado integral do ser humano e em seus benefícios para a saúde do corpo e da mente, critiquem a Igreja exatamente porque eles também se focam na ajuda espiritual e mental.
Também é curioso que as mesmas pessoas que defendem que o governo deve investir na arte, pois o ensino da música, da pintura, etc, também faz parte da educação integral do ser humano, critiquem a Igreja Católica do fim da Idade Média porque ela estava gastando enormes somas das doações em reformas arquitetônicas da Igreja e pagando grandes artistas como Michelangelo. Pela falta de dinheiro devido a esses altos investimentos artísticos que se começaram as corrupções de vendas de indulgências criticadas por Lutero. É claro que a venda de indulgências foi uma corrupção, mas não o investimento na arte.
A missa dominical é o evento central das igrejas, pois é o momento em que o céu se abre e cada pessoa pode comungar de forma corporal e/ou espiritual. Também são realizadas leituras bíblicas.
Em algumas igrejas também há exposição do Santíssimo Sacramento em horários determinados, assim como grupos que rezam juntos o rosário.
O padre e os paroquianos podem organizar (e de fato organizam) grupos de muitas coisas. Alguns fazem grupos para estudar a Bíblia. Pode haver aulas de canto e diversas atividades.
Há grupos para adolescentes, para jovens, para casais jovens, para casais, para viúvas, etc. Cada um com atividades específicas.
Há grupos que se organizam para fazer trabalhos de caridade. Eles reúnem doações, visitam hospitais, prisões, etc. Doam alimentos e roupas para pessoas que precisam.
Há muita coisa acontecendo em cada igreja. Tem gente que frequenta sua igreja apenas para ir à missa de domingo e cada um é livre para isso. Mas mesmo quem vai só para essa missa e doa apenas cinquenta centavos a cada vez, já está contribuindo e fazendo sua parte para que todas as outras atividades da igreja funcionem.
8- Um autor cristão não é necessariamente preconceituoso
Eu já li muitos livros de cristianismo e catolicismo. Muitos mesmo. E posso dizer que não senti muito preconceito da parte da maior parte dos autores que li. Mesmo quando eles falavam de temas delicados.
É claro que você pode achar alguns autores que expressam certo preconceito por temas específicos, mesmo que de forma leve. Mas em geral, eu sinto que eles tentam explicar o cristianismo já sabendo que essas críticas existem e, com calma, tentam expor o seu ponto de vista.
Se você já começa lendo livros sobre cristianismo tendo expectativas muito baixas, achando que só encontrará autores com opiniões extremamente antiquadas e negativas, poderá se surpreender de forma bastante positiva.
Para começar, eu sempre recomendo dois autores com uma linguagem muito leve e agradável: Thomas Merton e Scott Hahn. Scott Hahn é particularmente de uma delicadeza surpreendente e sua fé é realmente admirável. Ao ler os livros dele, sempre concluo que o cristianismo que ele mostra é o cristianismo que eu desejo ver no mundo.
9- Eu descobri um novo universo, mais fantástico que a ficção
Nós lemos livros de literatura, jogamos jogos e vemos filmes por variados motivos. Às vezes é para escapar da realidade. Outras vezes para acrescentar mais brilho a nossas vidas. E em outros momentos apenas para relaxar, se distrair ou se divertir. Queremos sentir sensações, seja paz, tranquilidade, êxtase ou emoção. Queremos nos conectar a esses personagens imaginários.
Mas eu sempre quis partir na minha própria aventura, como meus heróis das histórias de ficção. E eu sempre senti que ter uma religião era um dos caminhos de viver uma aventura real, nesse mundo mesmo: no momento em que o mundo material e o espiritual se conectam. Falo mais sobre isso aqui.
Quando eu fui budista, eu me conectei ao maravilhoso mundo das religiões indianas e essa foi uma experiência inesquecível. Você pode ter uma experiência como essa seguindo muitas religiões.
Também senti isso no catolicismo. É como se conectar aos últimos dois mil anos de história da civilização ocidental. Você é um herói do tempo, atravessando a história do passado, do presente e do futuro. Eu sinto isso principalmente ao ler as histórias das vidas dos santos: é como se eu estivesse conectada a todas aquelas pessoas que foram cristãs.
Você lê a Bíblia cheio de emoção, sabendo que os grandes santos também a leram. É emocionante estar ligado a eles através das mesmas leituras. É lindo participar de uma missa e tentar entender o que os santos sentiram. Rezar as mesmas orações. Todos juntos, a comunidade de fiéis, vivos e mortos, unidos no corpo místico de Cristo. Por que Santo Inácio de Loyola chorava nas missas? Você também quer experimentar chorar.
Você vê a si mesmo em meio a uma batalha épica entre anjos e demônios. O quão legal isso pode ser? Você é tão importante que há seres tão extraordinários como anjos e demônios brigando pela sua alma.
Então você sai na rua e vê alguém usando uma cruz. “Ele/ela também é do meu fã-clube de Jesus, bate aqui, irmão!”. É claro, todos somos irmãos, não importa a religião. Mas não deixa de haver uma certa emoção em encontrar por aí os outros membros de sua “sociedade secreta não tão secreta assim”.
É uma sociedade com mais de dois mil anos. Dá certo orgulho de ser antiquado e de acreditar em Deus e ter esperanças, numa época de tanto pessimismo em relação ao mundo e à humanidade. Nossos antepassados já passaram por épocas piores e não perderam a fé.
10- Jesus também é para os jovens
A Jornada Mundial da Juventude, que ocorre regularmente em diferentes países, está aí para mostrar isso.
Geralmente temos a ideia de que quem frequenta igrejas são só pessoas com mais de 80 anos que apenas fazem isso por tradição, porque os pais lhes levavam na igreja quando crianças e eles querem continuar fazendo isso.
Mas em toda igreja geralmente há atividades específicas para diferentes faixas etárias. É verdade que também pode ser uma experiência ótima quando diferentes gerações se encontram e trocam ideias. Sem dúvidas há muito a aprender com pessoas que já frequentam a igreja há décadas e possuem uma fé mais forte. Eu também me inspiro ao pensar em Tolstói, que se converteu ao cristianismo mais tarde, e o quão poderosa se tornou sua fé!
Eu aprendi muitas outras coisas com o cristianismo além desses dez pontos que mencionei. Essas foram apenas algumas questões que lembrei de trazer agora. Mas sempre há muitos outros tópicos interessantes para debate.